quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A vitória não ocorre por acaso


Olá meus amigos, nesta postagem retratarei uma passagem que marcou profundamente a minha vida, trata-se dos momentos em que eu passei ao lado do meu pai durante a sua internação no hospital. Foram dois meses de total dedicação e preocupação com a sua saúde.

É incrível o momento em que percebemos que nossos pais envelheceram; passa um filme na nossa cabeça dos momentos fascinantes em que éramos seus dependentes, onde eles eram nossos verdadeiros porto seguro.
Olhar para nossos pais e perceber que eles são idosos e dependentes (meu pai está com 75 anos), é invocar os conceitos de uma nova realidade.

No mês de setembro do ano passado meu pai adoeceu, os sintomas revelavam a já conhecida crise de hérnia de disco, após diversas idas e vindas a médicos, e sem que houvesse melhoras significativas, levei-o ao HCPM - Hospital Central da Polícia Militar, a qual meu pai tem direito. Chegando na emergência do HCPM, meu pai foi atendido com bastante atenção pela profissional de saúde que lá se encontrava, após alguns exames, foi pedido sua internação.

Foi no dia 28 de novembro de 2012 que a luta contra o que parecia ser inevitável começou.

Embora eu sempre estivesse defendendo a forma de pensar positivo, meu pai sempre foi muito pessimista na sua forma de pensar (ele considerava prudência), talvez tenha sido por isso que a vida me levou a potencializar essa forma de ser (positivo).

Sigo a linha de que somos o que pensamos. Se você pensa que pode, você pode! Se você pensa que não pode, você também está certo! E foi dessa forma que acho que meu pai tenha direcionado a sua vida para aquele hospital, pois em setembro de 2012, após um problema na vista (descolamento da mácula), meu pai inconformado, clamava por doenças maiores, uma revolta o levou a desejar o seu próprio mal, seguindo a lei da atração, acredito que o Universo tenha concedido o seu desejo.

Internado com suspeita de hérnia de disco, foi descoberto que se tratava de uma infecção na coluna chamada de espondilodiscite. O tratamento com antibiótico venoso foi iniciado, e suas dores se alastravam por todo corpo, revelando que o destino tinha concedido tudo aquilo que mesmo em um momento de revolta, ele havia pedido.

Além da espondilodiscite, foi descoberto uma infecção urinária, seguida de uma anemia e pneumonia, unido ao primário descolamento da mácula (a mácula é responsável pela definição de cores dos nossos olhos).

Sem muita explicação para a anemia que fora descoberta, as investigações seguiam por todo seu corpo, até ser descoberto que tudo havia sido iniciado por uma bactéria na válvula do coração.

Na altura do "campeonato" já estávamos desgastados com todos os acontecimentos. A bactéria na válvula do coração havia se dado por uma chamada insuficiência valvar, em duas válvulas do coração (lembrando que em nosso coração existem quatro válvulas, ou seja, 50% havia comprometimento), tudo isso se deu pela descoberta que o coração do meu pai era grande (maior que os normais, por problemas anteriores).

Como se já não bastasse, meu pai é diabético, complicando ainda mais a eficiência do tratamento.

Hora da mudança:

Para que tudo desse certo e a situação pudesse ser mudada, meu pai tinha que mudar sua forma de pensar! A vitória só aparece quando o envolvido na batalha acredita que ela possa existir.

Tenho duas irmãs, a mais nova com filho pequeno ficou responsável pelos cuidados da minha mãe. A mais velha (ela diz que não é a mais velha, e sim que nasceu primeiro), revezava comigo na companhia de meu pai; mas, como toda complicação se fazia presente a todo momento, uma cirurgia urgente afastou minha irmã "que nasceu primeiro", dessa tarefa, ficando seu marido (meu cunhado Roberto) nesta função de revezamento, que diga-se de passagem, foi brilhante a todo momento.

Foram dias e dias de apreensão, horas e horas de conversas para que meu pai mudasse seu modo de pensar, até que eu pedi a ajuda de uma psicologa do hospital. Expliquei a forma negativa do meu pai pensar, eu sabia que a corrida era contra o tempo, e que deveríamos focar única e exclusivamente na transformação do seu pensamento.

Veio o Natal, me escalei a ficar com ele, deixando que todos os demais ficassem unidos com a minha mãe em um só pensamento, "a vitória".

Veio a virada de ano, com isso um mês havia passado, meus pensamentos giravam em torno de sua melhora, deixei de lado minha vida profissional (sou corretor de imóveis), minha vida social e até pessoal, mas sou casado, e minha compreensiva e amada esposa Manuela veio passar o Réveillon conosco, os fogos na janela revelavam que uma mudança no mundo acontecia, mas foi dentro do quarto que eu senti nossos corações iluminados pela vontade de vencer.

Na altura meu pai surpreendentemente já pensava positivo, ele mudou com a dor e com os insistentes pedidos de todos que ali passavam.

Previsões de sua saída eram derrubadas uma a uma, pois sempre haviam surpresas desagradáveis que insistiam em acompanha-lo.

Após grandes superações, havia uma nova data para sua alta, até que foi descoberto uma trombose na perna esquerda, levando-o literalmente ao delírio, alucinações passaram a fazer parte deste amplo quadro doentio. A caça ao remédio que o levou ao delírio foi iniciada, junto com novos medicamentos para combater a trombose.

O desgaste de todos já não tinha mais como esconder! Meu pai com menos 15kg estava entregue ao acaso, mas dessa vez sem perder as esperanças de uma normalidade de vida.

Durante esses dois meses foram criados hábitos que marcarão para sempre as nossas vidas, pois antes desse acontecimento eu jamais tinha visto se quer meu pai nu, pois durante esse período ele havia virado uma criança grande e indefesa, pois até banho ele ficou dependente.

Durante esse período muitas vezes eu tive que dar comida em sua boca, é obvio que eu não perdi a oportunidade de brincar de aviãozinho com ele, passando algumas vezes a colher direto da sua boca, "me vingando do tempo de criança", momentos esses inesquecível e amáveis para mim.

No banho eu já pedia o pescoço de tartaruga, ele com um sorriso lindo que sempre teve, avançava a cabeça para frente a espera do shampoo.

No dia 29/01 deste ano ele teve alta, a vitória foi concedida. Agora no aconchego do lar, todos estamos curtindo-o muito! Acredito que nunca mais a união e o pensamento positivo será diferente do momento em que estamos vivendo.

No hospital vimos muitos profissionais despreparados para a função que exercem, mas também vimos muitos bons profissionais que vale a pena citar o nome por aqui: Dra. Fernanda Ventin, Capitão Ana Marques, Dra. Juliana Delgado Campos, Tenente Psicologa Lara Arouca, Tenente Enfermeira Aline Gusmão, Tenente Enfermeira Viviani Fernandes de Pinho, Dr. Paulo Cruz, Dr. Valverde e em especial a Dra. Nathália Rios (médica responsável pelo acompanhamento e recuperação do meu pai). Ainda tivemos muitos outros profissionais competentes, mas que infelizmente eu não tenho os nomes para citar aqui, ficarão todos guardados em nossos corações.

A vitória não ocorre por acaso, ela sempre estará acompanhada de pessoas competentes e pensamentos positivos.

Meus agradecimentos a todos que contribuíram com as boas energias, e muitos outros que com gestos simples mas poderosos, fizeram a diferença neste episódio. Viva a vida!!

Beijo no coração de todos!!

Marcos Angelo